quarta-feira, outubro 15, 2014

Serviço essencial ou instrumento de especulação: a energia elétrica.

Serviço essencial ou instrumento de especulação: a energia elétrica.
Uma sucessão de governos neo - surrealistas tem custado muito caro aos brasileiros. Essa situação é agravada pela concentração absurdamente elevada de atribuições e impostos na União; perdemos estímulos e excelência em estados e cidades que poderiam ser muito melhores. Nas condições atuais resta-nos exigir da Presidência da República capacidade gerencial sobre-humana num país lotado de gente “esperta”.
Há muitas décadas passadas vivíamos em casas onde a fossa séptica era o “esgoto” da residência, complementado por algum córrego para onde escoava a água do cocho (com cheiro bem peculiar). No quintal fazíamos gravetos para facilitar o acendimento de fogões à lenha. A chaminé era importantíssima. Dentro de casa ou em algum barraco a lenha era guardada, lugar excelente para escorpiões e coisas parecidas. As casas rarissimamente tinham algum telefone ou geladeira. O telefone era conectado por fios condutores de eletricidade, sinais analógicos, tarifas congeladas e assim ter ou não um telefone era algo de extremo luxo. A geladeira dependia de blocos de gelo que comprávamos na fábrica de gelo (privilégio de rico). No galinheiro pegávamos ovos e o galo cantava diariamente. A noite chegava escura, hora do ângelus e da sopa para logo depois tomar banho e dormir. O rádio era fonte de alguns sons e zumbidos, mas o Reporter Esso imperdível. Luz de poucos “focos” e apenas a visão da mãe com os últimos serviços da noite...
Os tempos mudaram e o que chamamos de serviços essenciais ganharam força. Até a alimentação mudou, agora deve ter preços constantes, vir embalada com etiquetas, industrializada.
Tudo é objeto de um mercado que equaliza mundialmente padrões e preços, menos os salários.
Dependemos de energia elétrica (falando do que conhecemos melhor), talvez mais do que outros insumos. Já imaginaram uma greve padrão bancários dos empregados das empresas de eletricidade? Nossos legisladores não têm coragem de regulamentar paralisações de serviços essenciais...
Produzir, transmitir e distribuir energia elétrica virou um negócio múltiplo e confuso, que negócios!
Vivíamos livres, somos escravos de concessionárias.
As empresas de eletricidade, na necessidade compulsiva do mercado universal de viabilizar bolsas e aplicações de fundos até sem fundos (mas com crédito em bancos tipo BNDES),  transformaram-se em instrumentos de especulação. Produzir, transformar, transmitir e distribuir energia elétrica no Brasil é objeto da pior exploração possível. Neo liberalismo? Já não sabemos, pois desde que FHC que pediu que esquecêssemos seus discursos ou livros, não sabemos o que pode acontecer, nada é previsível e comportamentos coerentes, éticos e atinentes a discursos e programas de campanha perderam sentido. O que vale é a vontade e os caprichos da Corte.
O Partido dos Tadinhos, o PT, mostrou-se extremamente simpático aos especuladores. Era a última esperança, foi-se. De qualquer jeito não é mais confiável. Talvez saia do comando do Brasil.
O que aconteceu com as empresas de energia elétrica é algo kafkiano, surrealista. Previsão de mercado quando decisões de um Banco Central estranho podem quebrar todo mundo? Avaliar capacidade de produção de energia num parque gerador predominantemente hidráulico? Estimar oferta de energia se as centenas de usinas, linhas de transmissão, subestações etc. em construção carecem de fiscalização eficaz (ou estão sob sigilo?).
O próximo governo talvez seja “neo liberal”. Será que poderá ser mais liberal que o governo anterior?
O início da etapa final da campanha eleitoral começa a criar adjetivos e clichês. O que será lembrado e o que os vencedores esquecerão? Que corporações mandarão no Brasil, um país aculturado no clientelismo, leniência, subserviência e bajulações de todo tipo?
Felizmente a estrutura policial evolui a partir da Polícia federal e a Justiça talvez ganhe novos parâmetros, mais justos e necessários ao nosso povo.
Precisamos de bons serviços essenciais, agora imprescindíveis, pois nem criar galinhas sabemos mais.
O que aconteceu com as empresas de energia elétrica demonstra nossa fragilidade...
Cascaes
6.10.2014